Nelson Mandela: 69 anos de militância em favor da paz.
Nelson Mandela, símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul
Por Daiane Souza
Símbolo da luta contra o Apartheid e da recuperação da África do Sul, Nelson Rolihlahla Mandela, que comemorou nesta segunda-feira, 18 de julho, 93 anos de idade, celebra também 69 anos de militância pela liberdade. Dada sua relevância como pacifista no cenário mundial, o homem que abriu mão da vida privada em prol de seu povo teve o dia de seu nascimento instituído, em 2010, como Dia Internacional de Nelson Mandela pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A formação baseada no respeito às tradições e autoridades fez com que Mandela adquirisse hábitos de nobreza, educação formal e profundo entendimento da “alma” sul-africana. Nascido em Mvedo, o garoto da tribo de Xhoza aprendeu as lições mais importantes de sua vida ouvindo os mais velhos de sua família. Por seu bom comportamento, teve a chance de conviver com nobres e frequentar excelentes escolas.
POLÍTICA – Como estudante de direito, Madiba, como era também chamado, se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. “Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos”, dizia.
Em 1942 uniu-se ao Congresso Nacional Africano (CNA) e dois anos depois fundou com outros companheiros a Liga Jovem do CNA. Nas eleições de 1948 com a vitória do Partido Nacional Afrikaners, que apoiava a política de segregação racial, Mandela se tornou mais ativo e tomou parte no Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade – documento fundamental para a causa anti-apartheid.
O MASSACRE DE SHAPERVILLE – Comprometido com atos não-violentos, Mandela e seus colegas precisaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960. O crime aconteceu durante um dos protestos realizados pelo Congresso Pan-Africano (PAC) que pregava contra a Lei do Passe, norma que obrigava os negros da África do Sul ao uso de um manual com informações de onde poderiam ir.
Em 21 daquele mês e ano, cerca de cinco mil manifestantes se reuniram em Sharpeville e marcharam em mais um protesto pacífico. A polícia sul-africana conteve o movimento com rajadas de metralhadora matando 69 pessoas deixando cerca de 180 feridos. Após essa data, a opinião pública internacional focou pela primeira vez sua atenção na questão do apartheid.
27 ANOS DE PRISÃO – As manifestações lideradas por Mandela contra o regime de segregação racial sulafricano o levaram a uma prisão por cinco anos. Em seus pronunciamentos, tinha por filosofia que ninguém nasce odiando pela cor da pele, pela origem ou religião. “Para odiar, é preciso aprender. Se podem aprender a odiar, podem também aprender ser ensinadas a amar”, argumentava.
Em 1964 foi novamente condenado, dessa vez à prisão perpétua, por sabotagem contra militares e o governo, e por planejar guerrilha contra o apartheid. Da prisão manteve vivo o desejo de que negros e brancos tivessem direitos iguais em seu país. Se tornou símbolo da oposição ao regime e lema de campanhas em vários países. Por pressão mundial e dos próprios sul-africanos foi libertado aos 72 anos de idade, em 1990.
PRÊMIO NOBEL DE 1990 – A liberdade de Madiba foi um dos principais marcos para uma sociedade mais democrática na África do Sul. Três anos depois recebeu junto de Frederik de Klerk, presidente que o libertou, o Prêmio Nobel da Paz. Em 1994, Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul, diante de uma multidão de brancos e especialmente negros que votaram pela primeira vez em seu país.
Duas de suas ações mais importantes foram a criação da Comissão Verdade e Reconciliação e a reescrita da Constituição. Sua experiência de luta contra o apartheid, sua postura no período de transição e seu claro objetivo de operar a reconciliação nacional o elevaram a político com maior autoridade moral do continente Africano, o que lhe permite ainda hoje desempenhar o papel de apaziguador de tensões e conflitos.
“Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros”, Nelson Rolihlahla Mandela, 1993.
Momento histórico é para ser dividido sempre!
Nelson Mandela: 69 anos de militância em favor da paz.
Cerimônia reuniu representantes das religiões afro. Foto: Lúcio Távora| Ag. A TARDE
Jaime Sodré
É inegável a aliança com os de “Boa Vontade”, não importando as matizes, Pastor Djalma Torres, Pastor Sargento Carneiro e Sargento Espírito, dentre outros, entram para a historia no bloco dos que sabem viver a “Unidiversidade”.
Esses abençoados são articuladores do “banimento da postura caracterizada pela intolerância”. Enquanto alguns jogam pedras nas “árvores do pomar”, exercendo a ignorância, outros contemplam os diversos sabores, sabendo que a beleza está no contraste.
Permita-me competente jornalista Cleidiana Ramos, excelência em pessoa, utilizar deste espaço para colocar a disposição de todos os documentos que seguem, destacando o seu marco histórico.
Jaime Sodré é historiador, professor universitário e religioso do candomblé
NÚCLEO DE ESTUDO DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E INDÍGENA – NEAFRO
Leitura alusiva ao NEAFRO
Nilson Conceição do Espírito Santo – 3º Sgt EB
O NEAFRO nasceu da inquietação dos militares e servidores civis, fiéis de religiões afro-indígenas brasileiras, do Quartel General e da Companhia de Comando da 6ª Região Militar, em consequência dos mesmos não terem a mesma liberdade de realizar seus cultos ou expressarem sua espiritualidade nas ocasiões das atividades religiosas oficiais.
A legislação do Exército que rege atualmente as atividades religiosas, somente contemplam as práticas ou celebrações cultuais para os públicos católico, evangélico e espírita. Após alguns questionamentos feitos aos comandantes militares locais sobre a possibilidade de se autorizar a contemplação de outras expressões, a exemplo do Candomblé e da Umbanda, nas atividades religiosas oficiais da Força, sempre enfrentou-se a resistência de dois argumentos: o primeiro era que as portarias ministeriais e internas do Exército não regulavam outras atividades além da católica, evangélica e espírita; o segundo argumento era que o quantitativo de fiéis de matriz africana e indígena, registrados nos censos religiosos do Departamento Geral de Pessoal do Exército seria quase nulo.
Diante de tais recusas, aproveitou-se da ocasião da visita do Arcebispo Militar do Brasil (autoridade religiosa católica vinculada ao Ministério da Defesa, no comando do Ordinariado Militar), Dom Osvino Both, acorrida em 2010, para perseverar nos questionamentos anteriormente realizados, sendo que, daquela vez, foi lida neste mesmo auditório que nos encontramos hoje, em alto e bom tom para todos os presentes na ocasião, incluindo o genenal-comandante e outros comandantes da Organizações Militares (EB) da Guarnição de Salvador, da época, o inciso VI, do Art. 5º, da Constituição Federal do Brasil de 1988, referente aos Direitos Individuais e Coletivos, dentro Dos Direitos e Garantias Fundamentais, os quais são “cláusulas pétreas” (cláusulas que não podem ser modificadas), a seguinte prescrição: “VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e liturgia”.
Logo em seguida, foi solicitado à referida autoridade eclesiástica, representante do Ministério da Defesa, que fosse providenciado um novo censo religioso para a 6ª Região Militar, com a finalidade de levantar o quantitativo e o percentual de declarantes de religiões de matriz afro-indígenas, alegando-se ainda, que a não inserção de tais religiões nas atividades oficiais religiosas, feria preceitos e garantias constitucionais, os quais não poderiam ser contrariados por legislações subalternas, a exemplo das portarias ministeriais.
Dois meses após da visita do Arcebispo Militar, chega a ordem para a realização de um novo censo religioso em todo o Exército, o qual, no âmbito da 6ª Região Militar, foi prontamente realizado, consolidado e remetido à Brasília. É importante destacar que o resultado do aludido censo religioso, constituiu-se de importante subsídio para a reiteração da solicitação que anteriormente havia sido negada, sendo que naquele segundo momento, fora emitida ordem do Sr Comandante da 6ª Região Militar, o então General de Divisão João Francisco Ferreira, determinando que a Capelania Militar incluísse em suas atividades, as religiões de matriz africana e indígena (Candomblé e Umbanda).
Dentro deste contexto, visando planejar, organizar e executar as reuniões afro-indígenas que vêm ocorrendo todas as primeiras quintas-feiras de cada mês, foi organizado o Núcleo de Religiões de Matriz Africana e Indígena (NEAFRO), inspirado no Núcleo de Religiões de Matriz Africana da Polícia Militar da Bahia (NAFRO/PM-BA), com a essencial ajuda e suporte de dois grandes guerreiros, o Tata Eurico de Obaluaê, Coordenador do NAFRO e sacerdote do Terreiro Aloyá em Itapuã, e ainda, o Pai Raimundo de Xangô, sacerdote do Centro Umbandista Paz e Justiça, que não mediram esforços para garantir a consolidação da conquista recente. Tais companheiros de caminhada estiveram e continuam participando ativa e prontamente de todas as etapas do NEAFRO, o qual ainda engatinha e tenta ficar sentado, como um bebê que se desenvolve com o passar dos dias.
Em abril de 2011, veio mais uma conquista, quando planejamos, organizamos e executamos, pela primeira vez, a participação do NEAFRO nas atividades religiosas oficiais alusivas às comemorações da Semana do Exército, o que aconteceu na Escola de Formação Complementar do Exército, no bairro da Pituba.
É importante lembrar que as coisas não têm sido fáceis para que as reuniões aconteçam, pois muitos obstáculos ainda são colocados na trajetória de quem organiza, impossibilitando às vezes, que reuniões como essas aconteçam, obstáculos tais, que não fazem parte da realidade dos militares espíritas, menos dos evangélicos e muito menos dos católicos. Mas, felizmente soube-se contornar com sabedoria tais óbices.
E hoje, de volta a este auditório, onde tudo começou, desfrutamos dos resultados de uma série de batalhas, que foram vencidas, mesmo parcialmente, para participamos da Páscoa dos Militares de 2011, o que só foi autorizado, no âmbito do Exército Brasileiro, no último dia 28 de junho, o que gerou uma corrida contra o tempo, sem recursos, com algumas dificuldades de atendimento das necessidades de material e pessoal. Mas, com muito trabalho e força de vontade, oferecemos hoje esta singela amostra da força do Axé.
Um exemplo das dificuldades pode ser observado no cartaz oficial da Páscoa dos Militares, onde não consta a reunião de matriz africana e indígena, sem contar que no âmbito das outras forças (Marinha e Aeronáutica) continua apenas a trina contemplação de católicos, evangélicos e espíritas. Por este motivo, torna-se dever de justiça enaltecer a postura do atual Comandante da 6ª Região Militar, General de Divisão Gonçalves Dias por vir propiciando e incluindo a participação dos cultos de matriz afro-indígenas em todas as atividades religiosas da 6ª Região Militar.
Conclui-se então, que o NEAFRO encontra-se apenas, no início de sua trajetória, pois quem passou por séculos de escravidão e genocídio (africanos e indígenas) e sobreviveram vigorosamente lutando por dignidade até os dias de hoje, jamais serão vencidos.
E é neste contexto de luta pelos direitos à vida, ao respeito e, à dignidade humana que o NEAFRO dedica este momento a todos que, em suas veias correm o sangue negro e o sangue indígena, ou seja, a todos os brasileiros que carregam consigo a contribuição de nossos ancestrais, africanos ou indígenas, que construíram com o próprio sangue o país que hoje chamamos Brasil.
Salvador, 08 de julho de 2011.
Axé, Bahia, Brasil!
NÚCLEO DE ESTUDO DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E INDÍGENA – NEAFRO
TEXTO DE ABERTURA DA REUNIÃO DE 08 DE JULHO DE 2011 (PÁSCOA DOS MILITARES)
Esta reunião faz parte da Páscoa dos Militares, mas o que é a Páscoa dos Militares? É uma atividade de caráter religiosa realizada no âmbito da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, das Polícias Militares e das Corporações de Bombeiros, que acontece em todo o território nacional uma vez por ano.
A Páscoa, propriamente dita, enquanto festa religiosa, tem origem judaica sendo, posteriormente, ressignificada pelo cristianismo, não havendo relação sagrado-religiosa com as religiões de matriz africana e indígena. Este era o principal argumento, para não se promover, a participação de outras expressões religiosas como o Candomblé e a Umbanda nessa atividade religiosa.
Mas a partir de hoje, neste exato momento, todos nós, presentes neste auditório, estamos atribuindo um significado afro-indígena-brasileiro à essa atividade: o significado do respeito, da valorização, do reconhecimento e da sacralidade do sentimento religioso, daqueles e daquelas que até há pouco tempo eram impedidos de expressar a sua fé nas atividades religiosas oficiais das Forças Armadas e das Polícias Militares e Corporações de Bombeiros, como ainda acontece na maioria dos estados federados do Brasil.
Até o ano de 2010, na Páscoa dos Militares, somente eram realizados, missas, cultos evangélicos e reuniões espíritas, nas referidas forças ou corporações, não havendo abertura para a participação de outros segmentos religiosos, nem na Páscoa, nem nas demais atividades religiosas dos quartéis, com a exceção das Polícias Militares de alguns Estados, entre estes, a Bahia, através do Núcleo das Religiões de Matriz Africana da Polícia Militar da Bahia (NAFRO/PM-BA).
Mas esta situação está mudando. Todos nós neste auditório estamos sendo protagonistas de um fato histórico, pois damos início, aqui e agora, na inserção dos cultos afro-indígenas, nas atividades oficiais da Páscoa dos Militares, no âmbito do Exército Brasileiro através de um evento não só “religioso”, mas também, “político” e “jurídico”, no sentido de ser derrubada mais uma barreira do preconceito e do não-reconhecimento da herança africana e indígena da população e da cultura brasileira, que se expressa através do sentimento religioso de cada um de nós. Axé!
Salvador, 08 de julho de 2011
Fernando Jorge Carneiro – 1º Sgt EB
Celebração aconteceu ontem no Quartel da Mouraria. Foto: Lúcio Távora| Ag. A TARDE| 08.07.2011
Ontem foi um dia muito especial para mais um passo na batalha pela defesa da liberdade religiosa e contra a intolerância. Pela primeira vez desde 1920, representantes das religiões de matrizes africanas participaram da comemoração da Páscoa Militar, organizada pela representação do Exército em Salvador (a VI Região Militar).
O evento foi no Quartel da Mouraria e contou com a participação de sacerdotes e sacerdotisas ilustres das religiões afro-brasileiras em Salvador, como Tata Anselmo do Mokambo; Babá PC do Oxumaré; Ebomi Nice de Oyá da Casa Branca; professor Jaime Sodré; Tata Eurico; Tata Esmeraldo Emetério, dentre muitos outros. Dentre os representantes de outras religiões, destaque para o querídissimo pastor Djalma Torres, que tem um belíssimo trabalho na área de promoção do diálogo interreligioso, e o pastor Fernando Carneiro que segue este caminho também.
A vitória é do Neafro (Núcleo de Estudos das Religiões Afro Indígenas do Exército) que surgiu no ano passado já sob a inspiração do Nafro-PM (Núcleo de Estudos das Religiões de Matrizes Africanas da Polícia Militar da Bahia) .
Há seis anos, liderados pelo tata de inquice e bravo sargento Eurico Alcântara, um grupo de PMs procurou o comando da PM para questionar o porquê das religiões de matriz africana não ter representação num congresso religioso da corporação. Receberam a resposta que eles não estavam organizados. Eles então pediram a autorização e o grupo que era formado por apenas seis aumentou em um mês para 200 PMs que declararam seu pertencimento afrorreligioso.
A experiência e sucesso do Nafro PM serviu de base para o surgimento de uma associação parecida na PM de São Paulo e agora no Exército. Já há, inclusive, a mobilização para ações semelhantes também na Marinha e Aeronaútica.
Para saber mais sobre o evento leiam a matéria de Maria Rocha publicada na edição de hoje de A TARDE (1º caderno, pg. A5).
Calendário internacional da cultura negra
Dia 02- Fundada a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos. São Paulo/SP (1711).
- Morre Mônica Veyrac, a primeira diplomata negra da história do Itamaraty. Costa Rica (1985).
Dia 06- Lançado o jornal O Clarim da Alvorada, um dos poucos a refletirem a inquietação da população negra no Brasil. Matão/SP (1924).
Dia 09- Promulgada a Lei Federal Nº 10.639, que rege a obrigatoriedade do ensino da história afro-brasileira na rede oficial de ensino (2003).
Dia 13- Nasce André Rebouças, engenheiro, professor universitário e grande abolicionista. Cachoeira/BA (1838).
Dia 15- Nasce Marthin Luther King, pastor norte-americano que lutou pela igualdade racial. Atlanta/Georgia (1929).
- Acontece a Revolta dos Malês, rebelião contra o escravismo e a imposição da religião católica. Salvador/BA (1835).
Dia 29- Morre José do Patrocínio, jornalista e ativista da causa abolicionista. Rio de Janeiro/RJ (1905).
Dia 31- Tombamento da Serra da Barriga, berço da resistência negra, onde nasceu o Quilombo dos Palmares e viveu seu maior líder, Zumbi dos Palmares. União dos Palmares/AL (1986).
Dia 01- Nasce Lélia González, antropóloga, filósofa, intelectual e militante da causa negra. Bebedouro/MG (1935).
Dia 02- Plenário da Constituinte aprova a emenda de autoria do deputado federal Carlos Alberto Caó Oliveira, estabelecendo o racismo como crime inafiançável e imprescritível (1988).
Dia 07- Nasce Clementina Jesus da Silva, sambista e ícone da luta contra a discriminação racial. Valença/RJ (1902).
Dia 10 - Nasce a Yalorixá Mãe Menininha do Gantois, ícone da luta contra a intolerância religiosa. Salvador/BA (1894).
Dia 12- Nasce Arlindo Veigas dos Santos, acadêmico e primeiro presidente da Frente Negra Brasileira (FNB). Itu/SP (1902).
Dia 18- Fundado o Afoxé Filhos de Gandhi, agremiação
carnavalesca de maioria negra. Salvador/BA (1949).
Dia 19 - Realizado o primeiro Congresso Pan-Africano. Paris/França (1919).
Dia 21- Morre Malcom X, um dos grandes defensores dos direitos afro-americanos. Nova Iorque (1965).
Dia 19- Acontece a Revolta do Queimado, principal movimento de luta contra a escravidão do estado do Espírito Santo/ES (1849).
Dia 21- Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial. O dia foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em memória das vítimas do massacre de Shapevile, África do Sul.
Dia 01- Acontece o Primeiro Festival Mundial das Artes Negras. Dakar/Senegal (1966).
- Criação do Partido dos Panteras Negras. EUA (1967).
Dia 04- Morre Marthin Luther King, ativista e Prêmio Nobel da Paz, assassinado minutos antes de uma marcha em favor dos direitos dos negros. Memphis/EUA (1968).
Dia 05- Nasce Vicente Ferreira Pastinha, o “Mestre Pastinha”, capoeirista e ícone da cultura afro-brasileira. Salvador/BA (1889).
Dia 25- Criado o bloco afro Olodum. Salvador/BA (1979).
Dia 26- Nasce Benedita Silva, primeira mulher negra a ocupar um cargo de governadora. Praia do Pinto/RJ (1942).
Dia 02- Nasce Ataulfo Alves, grande cantor e compositor negro. Miraí/MG (1909).
Dia 03- Nasce Milton Santos, grande geógrafo negro. Macaúba/BA (1933).
Dia 13- A Lei Áurea extingue oficialmente a escravidão no Brasil. Mas a data é considerada pelo Movimento Negro como uma “mentira cívica”, sendo caracterizada como Dia de Reflexão e Luta contra a Discriminação (1888).
Dia 13- Nasce Lima Barreto, escritor, jornalista e militante da causa negra. Rio de Janeiro/RJ (1881).
Dia 14- Líderes da Revolta dos Malês são fuzilados. Campo da Pólvora, Salvador/BA (1835)
Dia 18- Criado o Conselho Nacional de Mulheres Negras. Rio de Janeiro/RJ (1950).
Dia 19- Nasce Malcom X, um dos maiores defensores dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Omaha/Nebrasca (1925).
Dia 06- Morre o jamaicano Marcus Garvey, mentor do Pan-africanismo. Londres (1940).
Dia 21- Nasce Luiz Gonzaga Pinto da Gama, escritor, jornalista e um dos ícones da luta pela afirmação da identidade negra. Salvador/BA (1830).
Dia 24- Nasce João Candido, líder da Revolta da Chibata, conhecido como Almirante Negro. Rio Pardo/RS (1880).
Dia 01- Fundado o Clube Negro de Cultura Social. São Paulo/SP (1932).
Dia 03- É aprovada a Lei Afonso Arinos (nº 1390), estabelecendo a discriminação racial como contravenção penal (1951).
Dia 07- Fundado o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR). São Paulo/SP (1978).
Dia 11- Nasce Antonieta de Barros, primeira deputada negra brasileira. Florianópolis/RS (1902).
Dia 15- Acontece a Primeira Conferência sobre a Mulher Negra nas Américas. Equador (1984).
Dia 18- Nasce Nelson Mandela, líder negro que lutou conta o regime do Apartheid na África do Sul (1918).
Dia 24- Nasce Francisco Solano Trindade, poeta. Recife/PE (1908).
Dia 08- Registrado o primeiro ato de escravidão por Portugal em Lagos. Nigéria (1444).
Dia 12- Acontece a Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Revolta dos Búzios. Manifesto dos conjurados baianos protesta contra os impostos e a escravidão e exige independência e liberdade. Bahia/BA (1798).
Dia 14- Morre a Yalorixá Mãe Menininha do Gantois, ícone da luta contra a intolerância religiosa. Salvador/BA (1986).
Dia 22- Criada, por meio da Lei nº 7.668, a Fundação Cultural Palmares, instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura que tem como principal atribuição promover a valorização da cultura negra (1988).
Dia 23- Nasce José Correia Leite, ativista da imprensa negra e fundador do jornal O Clarim da Alvorada. São Paulo/SP (1900).
Dia 24- Acontece o Primeiro Congresso de Cultura Negra das Américas. Colômbia (1977).
Dia 24- Morre o abolicionista Luís Gama. São Paulo/SP (1882).
Dia 28- Acontece a Primeira Marcha de Negros sobre Washington, em favor dos direitos civis. Estados Unidos da América (1963).
Dia 31- Realizada a I Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância. Durban/África do Sul (2001).
Dia 04- Promulgada a lei Euzébio de Queiroz, extinguindo o tráfico de escravos no Brasil (1850).
Dia 12- Morre o líder sul-africano, Steve Biko, idealizador do movimento pela consciência negra. Cidade do Cabo/África do Sul (1977).
Dia 14- Fundado o jornal O Homem de Cor, o primeiro periódico dedicado à causa negra da imprensa brasileira (1833).
Dia 16- Fundada a Frente Negra Brasileira, primeira agremiação política composta por afro-descendentes. São Paulo/SP (1931).
Dia 28- Aprovada a Lei do Ventre Livre, que declarava livre os filhos das escravas que nascessem após essa data (1871).
Dia 28- Assinada a Lei do Sexagenário, garantindo a liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade (1885).
Dia 01- Fundado o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAFRO). São Paulo/SP (1980).
Dia 07- Dia de Nossa Senhora do Rosário, patrona dos negros.
Dia 10- Morre Francisco Lucrécio, Secretário da Frente Negra Brasileira, em São Paulo (2001).
Dia 11- Nasce Agenor de Oliveira, o Cartola. Cantor e compositor negro, figura entre os maiores representantes da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro/RJ (1908).
Dia 12- Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, considerada protetora dos negros. São Paulo/SP (1717).
- Fundação do Teatro Experimental do Negro (TEN). Rio de Janeiro/RJ (1944).
Dia 15- Nasce Grande Otelo, ator de cinema e TV e um dos ícones da cultura negra. Rio de Janeiro/RJ (1915).
Dia 24- Morre Rosa Parks, líder do Movimento dos Direitos Humanos. América do Norte/EUA (2005)
Dia 01- Criado o bloco afro Ilê Aiyê, uma das primeiras agremiações carnavalescas a agregar negros no Brasil. Salvador/BA (1974).
Dia 10- Retrocesso: Governo Médici proíbe a imprensa de publicar notícias sobre índios, Esquadrão da Morte, guerrilha, movimento negro e discriminação racial (1969).
Dia 19- Nasce Paulo Lauro, que viria a ser o primeiro prefeito negro de São Paulo/SP (1907).
- Retrocesso: Rui Barbosa manda queimar todos os papéis, livros de matrícula e registros fiscais relativos à escravidão existentes no Ministério da Fazenda (1890).
- Lançado o primeiro volume de Cadernos Negros. São Paulo/SP (1978).
Dia 20- Dia Nacional da Consciência Negra.
Dia 20- Morre Zumbi dos Palmares, principal representante da resistência negra à escravidão e líder do Quilombo dos Palmares. Alagoas/AL (1695).
Dia 22- Revolta da Chibata. Rebelião liderada por João Candido, o “Almirante Negro”, contra os maltratos sofridos na Marinha Mercante. Rio de Janeiro/RJ (1910).
Dia 24- A Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco) reconhece o Samba do Recôncavo Baiano como Patrimônio da Humanidade. (2005).
Dia 01- O ofício da Baiana do Acarajé é tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Nacional (2004).
Dia 02- Dia Nacional do Samba, uma das principais vertentes artísticas da cultura negra.
Dia 05- Retrocesso: Constituição proíbe negros e leprosos de freqüentar escolas públicas no Brasil (1824).
Dia 10- Aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
Dia 20- Lei nº 7437/85 Estabelece como contravenção penal o tratamento discriminatório no mercado de trabalho, por motivo de raça/cor (1985).
(Fundação Cultural Palmares) Setor Comercial Sul – Quadra 09 Ed. Parque Cidade Corporate Torre B – 2º andar Brasília/DF – Brasil – CEP: 70308-200 Telefone: +55 (61) 3424-0100 Telefax: +55 (61) 3226-0351
10 Filmes sobre Racismo
O tema que escolhi hoje é um dos mais prolíficos do cinema. São inúmeros os bons filmes que falam sobre racismo. Para facilitar, me concentrei apenas em racismo contra
negros. De outras minorias, tratarei em listas futuras. Muitos desses filmes se passam até a década de 60,
mas é incrível notar que essa abominação, baseada
em ignorância, o racismo, persiste até os dias de hoje. Aqui vai minha lista de 10. Aguardo seus comentários
e sugestões de outros títulos. 1. Amistad (negros escravizados se rebelam e
tomam o navio espanhol na costa de Cuba, enganados pelos
tripulantes restantes, acabam capturados por um navio
americano e uma batalha judicial se inicia. não é dos melhores
filmes de Spielberg, mas é didático na descrição
do cruel transporte de escravos) 2. Uma Outra História Americana
(Edward Norton é o líder de um grupo de skinheads
que mata dois negros que invadem sua casa e
vai para a cadeia por 3 anos. na prisão percebe
que o ódio racial que pregava só lhe traz prejuízos.
quando sai, tenta desfazer sua imagem, mas suas
antigas idéias ficaram impregnadas no seu grupo e no próprio irmão) 3. Malcolm X (biografia de um dos grandes líderes
negros americanos. Denzel Washington faz Malcolm X, que teve
o pai morto pela Ku Kux Klan, a mãe internada por insanidade e
acabou sendo um malandro de rua. quando esteve preso,
converteu-se ao islamismo e iniciou sua pregação pela igualdade racial) 4. A Autobiografia de Miss Jane Pittman
(feito para TV e estrelado por Cicely Tyson, é um filme tocante.
a história de uma mulher negra, que nasceu escrava em 1850
e viveu para fazer parte dos movimentos pelos direitos civis
dos negros nos anos 1960. ganhou 8 prêmios Emmy) 5. Tempo de Matar (uma garota negra de apenas
9 anos é estuprada por dois racistas brancos. eles são presos,
mas quando estão sendo levados ao tribunal, são mortos pelo
pai da garota. o caso atrai atenção nacional e a cidade vira
um barril de pólvora) 6. Mississipi em Chamas
(em 1964, dois agentes do FBI vão a uma cidadezinha
do Mississipi investigar os assassinatos de três militantes
dos direitos civis, dois negros e um judeu. na cidade
encontram um ambiente muito tenso, onde a segregação
e o preconceito são a tônica) 7. Adivinhe Quem Vem para Jantar
(um casal esclarecido de classe média americana - Spencer Tracy e Katharine Hepburn - vai conhecer o noivo da filha num jantar, quando descobrem que ele é negro - Sidney Poitier. eles ficam chocados e procuram por algo que o desabone, mas encontram uma pessoa com muitas qualidades morais e profissionais. um tanto teatral, mas com um roteiro e interpretações brilhantes) 8. As Barreiras do Amor (Michelle Pfeiffer é uma dona de
casa obcecada pelo casal Kennedy e decide, contra a vontade do marido,
ir de ônibus para o funeral do presidente. no ônibus, senta-se
próxima a um negro, que viaja com a filha de 5 anos.
ela desconfia que o homem está sequestrando a
garota e aciona a polícia, mas vê que estava errada
e acaba desenvolvendo uma forte amizade com eles.
um retrato do preconceito nos anos 60) 9. Um Grito de Liberdade (nos anos 70 na África do Sul,
um jornalista branco - Kevin Kline - fica amigo de um ativista negro,
Stephen Biko - vivido por Denzel Washington - que acaba morto
na prisão. o jornalista então resolve divulgar o fato, as idéia de
Biko e os horrores do apartheid, mas acaba virando alvo do
regime e tem que fugir do país) 10. Bopha! Á Flor da Pele (dirigido por Morgan Freeman
o filme tem boas intenções em denunciar o regime do apartheid na África
do Sul, através da história de um policial negro, que se orgulha de fazer
parte do regime e acaba entrando em conflito com sua própria família)
O OLODUM, BOB MARLEY E O REGGAE QUE NÃO PODE MORRER, BY JOÃO JORGE
A comunidade de origem africana nas Américas desenvolveu ritmos para se exprimir através das músicas que falam de sofrimento, das angústias, das conquistas, das alegrias e tristezas, de fé e de sensibilidade com a vida., libertação, músicas de protesto. Um destes ritmos, criado na Jamaica, conhecido em todo o mundo como Reggae espalhou-se pelo mundo e fincou raízes no Brasil, em especial na Bahia e Maranhão. O reggae é também um estilo de vida, expresso na maneira de ser, de se comportar e de pensar. Uma legião, independente de classe social ou etnia, cultua a "música de Jah". Em Salvador, a Roma negra, a maior capital dos afrodescendentes nas Américas., o reggae expandiu-se para além dos bares negros e do Pelourinho do Olodum e do Muzenza para ser a música de uma maioria que protesta e sonha com um mundo melhor O Olodum nos anos 80 incorporou a nossa linguagem cultural as cores do Reggae , a batida do reggae e assim a saga musical do Olodum pelo mundo encontrou parceiros do Reggae para aumentar a fertilização do solo musical. E no carnaval de 1989 com o enredo "Núbia , Axum ,e Etiópia o Olodum contou a história do Rastafarianism através da Rainha de Sabá - Makeda de Axum a mulher africana que foi a mais importante esposa do Rei Salomão nos tempos bíblicos . O Rastafarianismo baseia-se na crença de que os Etíopes são os judeus originais e o Hailê Selassiê retomou esta tradição do começo da humanidade . Tudo isto foi divulgado pelo bloco Olodum como educação de rua . O Olodum gravou o Reggae dos Faraós de Adailton e Walter na voz de Betão já no primeiro disco em 1987 e depois músicas espetaculares tais como: "Encantada nação, Denuncia , Reggae Odoiá , As duas Histórias , Amangi e Imiss Her (Pom Pom), No Womam no Cry, . A Banda Olodum tocou com grandes feras do reggae tais como: The Walleirs, Alpha Blondy , Zigg Marley , Inner Circle, Mutabaruka, Linton Kesy Jonshon, Jimmy Cliff Koko Dembele, U - Roy . Um longo caminho da história negra atual através da arte e da cultura. O Samba - reggae é uma criação do espirito e da alma da civilização africana na diáspora negra é o encontro histórico com as raízes e história da humanidade desenvolvido na Bahia no Brasil. Através da energia transnacional dos tambores, vozes e swing dos artistas de ruas para encontrar a liberdade a igualdade e a justiça. O Olodum é parte da história do Reggae na Bahia por isto queremos convidar todos os que gostam da boa música e de dançar para comemorar a força do Reggae de uma forma moderna o Olodum escolheu realizar esta homenagem ao Reggae e a Bob Marley para divulgar os valores emergentes do reggae na Bahia. O Reggae não pode morrer. Germano Meneghel / Legel / Sílvio de Almeida O Reggae não pede morrer O Reggae não pode acabar Enquanto existir a nação Rastafari Então o lema é reggear Ritmo tão envolvente Que faz a mente do mal Se libertar Já que o Olodum é Liberdade Reggeando por toda cidade Rastafari, Rastafari, Rastafari Curtindo o reggae na praça Rastafari, Rastafari, Rastafari Tributo a Bob Marley Da Jamaica Na Bahia a bandeira da Jamaica É hasteada em território nacional Soteropolitano, jamaicano Reggeando fevereiro é carnaval
Negras na Historia
Adelina - A Charuteira Escrava e abolicionista
Maranhense, de São Luís, Adelina era filha de uma escrava com um senhor. Sabia ler e escrever, porém seu pai não cumpriu a promessa de libertá-la aos 17 anos de idade.
Já na adolescência, seu pai empobreceu e passou a fabricar charutos.
Adelina era então sua vendedora, circulando pela cidade, vendia charutos para os bares da cidade, bem como para fregueses avulsos. No Largo do Carmo, onde costumava parar, vendia charutos para os estudantes do Liceu, onde teve a oportunidade de assistir a comícios abolicionistas promovidos por esses.
Adelina era então sua vendedora, circulando pela cidade, vendia charutos para os bares da cidade, bem como para fregueses avulsos. No Largo do Carmo, onde costumava parar, vendia charutos para os estudantes do Liceu, onde teve a oportunidade de assistir a comícios abolicionistas promovidos por esses.
Com a facilidade em que circulava pela cidade, Adelina era uma importante informante a cerca das ações da polícia aos ativistas e ainda ajudava na fuga de escravos, cooperando assim com o movimento abolicionista.
Fontes:- Caderno de Formação do MNU - Movimento negro Unificado.
- Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
- Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
Ana
Liderou uma revolta de escravos ocorrida em uma fazenda no interior do Ceará, no ano de 1835.
Ana, fingindo submissão aos capangas da fazenda onde era escrava, facilitou a entrada dos escravos rebelados à casa grande, tomando-a de assalto, mataram todos os que estavam na casa, e atearam fogo a propriedade, situada na serra do Ibiapaba, no Ceará. Alguns dos escravos revoltos fugiram rumo a Pernambuco, outros, liderados por Ana, libertaram da cadeia do lugar o senhor Jerônimo Cabaceira, proprietário de um sítio na região, preso por ter se recusado a vender suas terras ao Senhor Francisco Carvalho, proprietário dos escravos revoltados. Este era conhecido na região por atos violentos e autoritários, ausente de sua propriedade no instante da revolta, tentou ao tentar retornar, foi interpelado por Jerônimo Cabaceira e seus irmãos, o que provocou o enforcamento de Francisco Carvalho.A revolta se deu num instante de indignação dos escravos da senzala contra os violentos castigos impostos a uma velha escrava que cuidava dos enfermos.
Fontes:
- Caderno de Formação do MNU - Movimento negro Unificado.
- Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
- Caderno de Formação do MNU - Movimento negro Unificado.
- Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
Aqualtune
Era uma princesa africana, filha do importante Rei do Congo. Numa guerra entre reinos africanos, foi derrotada, juntamente com seu exército de 10 mil guerreiros e transformada em escrava. Foi levada para um navio negreiro e vendida ao Brasil, vindo para o Porto de Recife.
Comprada como escrava reprodutora foi levada para região de Porto Calvo, no sul de Pernambuco. Lá conheceu as histórias de resistência dos negros na escravidão, conhecendo então a trajetória de Palmares, um dos principais Quilombos negros durante o período escravocrata.
Aqualtune, nos últimos meses de gravidez ,organizou uma fuga junto com outros escravos para o quilombo, onde teve sua ascendência reconhecida, recebendo, então, o governo de um dos territórios quilombolas, onde as tradições africanas eram mantidas.
Aqualtune, nos últimos meses de gravidez ,organizou uma fuga junto com outros escravos para o quilombo, onde teve sua ascendência reconhecida, recebendo, então, o governo de um dos territórios quilombolas, onde as tradições africanas eram mantidas.
Aqualtune era da família de Ganga Zumba, e uma de suas filhas teria gerado Zumbi. Em uma das guerras comandadas pelos paulistas para a destruição de Palmares, a aldeia de Aqualtune, que já estava idosa, foi queimada. Não se sabe ao certo a data de sua morte.
Fontes:
- Caderno de Formação do MNU - Movimento negro Unificado.
- Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
- Caderno de Formação do MNU - Movimento negro Unificado.
- Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
Luíza Mahin
Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava.Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.
Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África.Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: "Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa". Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada.
Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.
Maria Firmina dos Reis
Apesar de ser considerada por alguns autores como a primeira romancista brasileira - seu livro Úrsula é de 1859 - pouco se sabe da vida desta maranhense bastarda e negra. Nascida em São Luís (1825-1917), disputou em 1847 uma vaga para a cadeira de professora de primeiras letras em Guimarães.
Orgulhosa com a vitória da filha, a mãe alugou um palanquim - espécie de cadeira carregada por dois escravos - para que fosse receber o documento da nomeação. Revoltada, Maria Firmina recusou, afirmando que negro não era animal para andar montado nele! Contrária à escravidão em suas atitudes, também usou os seus escritos para denunciá-la. Acreditava que a escravidão contradizia os princípios do cristianismo, que ensinava o homem a amar o próximo como a si mesmo. Via o escravo como uma pessoa digna, capaz de sentimento nobres mesmo tendo vivido tantos anos sob o regime degradante do cativeiro.Seu livro Úrsula pode ser considerado o primeiro romance abolicionista escrito por uma brasileira. Colaborou ainda na imprensa local com poesias e contos; escreveu um livro em comemoração ao 13 de maio, além de ser autora de vários folguedos. Aos 55 anos, um ano antes de aposentar-se do magistério público oficial, fundou em Guimarães uma escola mista e gratuita para crianças pobres. Como professora era enérgica, mas falava baixo e não usava castigos corporais. Quem lembra dela, na casa dos 80, fala da velhinha negra de cabelos grisalhos, amarrados atrás da nuca, vestida de roupas escuras e sandálias.
Apesar de pobre e solteira, teve alguns filhos adotivos e inúmeros afilhados. Faleceu cega, aos 92 anos de idade, na casa de uma amiga ex-escrava, e até hoje, em Guimarães, "a uma mulher inteligente e instruída chamam: Maria Firmina"!
Mariana Crioula
Viveu em Paty do Alferes, distrito da Vila de Vassouras, região do Vale do paraíba - Rio de janeiro. Era Mucama e costureira de Francisca Xavier, senhora das fazendas cafeeiras Maravilha e Freguesia. E embora fosse casada com o negro José, escravo que trabalhava na lavoura, vivia na casa-grande.
Em 5 de novembro de 1838 se deu a maior fuga de escravos da história fluminense, e o foco principal estava na fazenda Maravilha. A fuga fora liderada pelo ferreiro Manuel Congo, que levou consigo negros das fazendas vizinhas inclusive da fazenda Freguesia, onde vivia Mariana. Esta juntou-se, então, aos fugitivos tomando a direção do grupo, no qual ficou conhecida como a rainha do quilombo, fazendo par com Manuel Congo, o rei.
Situaram-se nas matas de santa Catarina, nas fraldas da serra da Mantiqueira até serem atacados por tropas comandadas por um coronel da Guarda Nacional, que relatara no autos da época que a negra Mariana, de 30 anos estava a frente dos revoltosos, resistindo ao cerco da polícia sob os gritos de "Morrer Sim, entregar não!"
No dia 12 de novembro, Mariana Crioula e Manuel Congo foram feitos prisioneiros, juntamente com outros líderes da revolta e o grupo se dispersou.
No dia 12 de novembro, Mariana Crioula e Manuel Congo foram feitos prisioneiros, juntamente com outros líderes da revolta e o grupo se dispersou.
No julgamento, dezesseis escravos, sete mulheres e nove homens foram indiciados. Mariana, que havia demostrado valentia na mata, quando interrogada, procurou dissimular seu verdadeiro papel nos acontecimentos e alegou que havia sido induzida à fuga. Mesmo tendo sido delatada por outros réus como a rainha do Quilombo, Mariana fora absolvida. O único acusado de homicídio foi Manuel Congo, cuja sentença de morte por enforcamento foi executada no início do mês de setembro de 1839.
Fonte:
Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
Dicionário Mulheres do brasil - De 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Jorge Zahar Editor, 2000.
Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz
Ao ser presa pela Inquisição em Lisboa, acusada de feitiçaria, Rosa afirmou que era natural da Costa da Mina (África), da nação Courana, e que foi para o Rio de Janeiro aos 6 anos de idade (1725), sendo comprada pelo Sr. Azevedo, que a mandou batizar e, aos 14 anos, a deflorou, vendendo-a para as Minas Gerais.
Na Vila da Inconfidência foi escrava da mãe de Frei Santa Rita Durão, para quem trabalhava como meretriz até o dia em que "teve o espirito maligno, o qual a molestava muito, até que o Padre Gonçalves Lopes fez com os seus exorcismo que declarasse o tal espirito". Quando possuída, Rosa entrava em transe nas igrejas, caindo desmaiada no chão. O bispo de Mariana mandou uma equipe de teólogos examiná-la para constatar se era demoníaca ou embusteira: como castigo por seu comportamento herético foi açoitada em praça pública, ficando paralítica de um braço. Acreditando na sua sinceridade, o padre exorcista deu-lhe alforria e levou Rosa para o Rio de Janeiro.
Em 1754 fundaram o Recolhimento de Nossa Senhora do Parto, reunindo ali uma dezena de donzelas pobres, mais da metade negras. Sob a orientação dos Franciscanos, Rosa aprendeu a ler e iniciou o livro Sagrada Teologia de Amor de Deus Luz Brilhantes das Almas Peregrinas, no qual registra suas visões e experiências místicas. O recolhimento passou a ser local de romaria onde os devotos iam buscar relíquias da regiosa negra.
Por "imposição divina", Rosa a ser chamada Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz em homenagem a uma Santa oriental que de prostituta se transformara em eremita. Presa pelo Bispo do Rio de Janeiro, como suspeita na fé e feitiçaria, foi juntamente com seu confessor enviada para julgamento em Lisboa. Confessou várias vezes todas as visões e êxtases. Deve ter morrido antes da sentença final, pois seu processo não foi concluído.
É difícil não se comover, ainda hoje, com a ala das baianas nos desfiles das escolas de samba. Todo ano estão lá emanando energia, emoção e sabedoria. Talvez em memória à Tia Ciata e às tias baianas que fizeram a história da pequena África, reduto baiano do centro do Rio de Janeiro.
Ciata, Perpétua, Bebiana, Amélia e Carmem pelas suas posições de destaque nos terreiros e pela sua participação nas principais atividades do grupo negro foram, certamente, responsável pela permanência das tradições africanas e pela sua expansão e revitalização na cidade, e quiçá em todo o Brasil, sendo as escolas de samba apenas dos exemplos.
Ciata, Hilária Bastista de Almeida (1854-1924), filha de Oxum, nasceu em Salvador, sendo iniciada no santo na casa de Bambichê, da nação Ketu. Aos 22 anos, trazendo consigo uma filha, mudou-se para o Rio de Janeiro, formando nova família. Continuou os preceitos do santo na casa de Jõao Alabá, tornando-se Mãe-Pequena. Respeitada pelos seus conhecimentos na religião, não deixava de comemorar em sua casa as festas dos orixás, depois da cerimônia, armava pagode. As festas duravam 3 dias: na sala, o baile, os mais velhos tocavam samba de partido alto e Ciata, partideira, "cantava com autoridade". No terreiro havia samba raiado e, ás vezes, roda de samba para os mais moços.
Doceira de mão cheia - tinha tabuleiro no centro da cidade -, conhecia também a cozinha dos orixás. Punha barraca de comida na festa da Penha, ao redor da qual formava roda-de-samba. Dela participavam Heitor dos Prazeres, Donga, Sinhô e Pixinguinha, alguns deles ainda ilustres desconhecidos. Ciata também alugava roupas de baianas para teatros e carnaval. Sua casa tornou-se, então, a capital da Pequena África. Era um dos pontos principais dos cortejos de carnaval, onde os ranchos passavam e reverenciavam a velha baiana.
Sua família Sá no rancho Rosa Branca, no Recreio das Flores, no qual sua neta Lili foi porta-estandarte, e no sujo O Macaco é Outro. Ciata morreu em 1924. A única foto localizada até agora desapareceu nas mãos de um jornalista. Resta-nos a descrição da avó, deixada po Lili: "Quando ela ia nas festas usava saia de baiana, batas, xales (...) na cabeça não usava torso. Só botava aquelas saias e aqueles xales de tuquim.
Não se sabe a data de nascimento de Francisca da Silva, sabe-se que ela era filha de uma mulher negra com um português, chamados Maria da Costa e Antônio Caetano de Sá, respectivamente.
O primeiro filho de Chica teve como pai o médico português Manuel Pires Sardinha, que o reconheceu como filho bastardo em seu testamento, em 1755, nomeando-o como um de seus herdeiros.
A carta de alforria de Chica, foi assinada pelo então desembargador João Fernandes de Oliveira, com quem passou a viver maritalmente, não eram casados pois a legislação não permitia casamento entre senhores brancos e negras forras. Passaram a viver na região de Vila do Príncipe e do Tejuco, onde o Sr. João Fernandes administrava o contrato para extração de diamantes concedido pela Coroa a seu pai.
Chica ficou reconhecida na região como a Chica que manda, já em 1754 possuía um sobrado e alguns escravos. Sua casa ficava na rua do Bonfim, local prestigiado do arraial, com uma capela própria, possuía ainda, nos arredores do Tejuco uma espécie de castelo, a chácara de Palha, com capela e teatro.
Entre 1755 e 1770 tiveram 13 filhos. Chica fez questão de educar suas nove filhas no Recolhimento de Macaúbas, melhor educandário da região das Minas. Cinco de suas filhas fizeram os votos e se tornaram freiras, as outras largaram o hábito para se casar.
Em 1771, João Fernandes teve que se ausentar do Brasil, convocado pela coroa para prestar contas sobre a acusação de violar regras do contrato que tinha com a corte, mas retornou a colônia algum tempo depois.
Durante a ausência de João Fernandes Chica buscou vários meios para a manutenção de sua condição. Associou-se a várias Irmandades, que eram entidades que agregavam indivíduos de mesma origem e condição, o que lhe proporcionava uma forma de obter distinção e reconhecimento social. Na Irmandade das Mêrces, que congregava pardos, Chica, chegou a ser juíza. No livro da Irmandade do santíssimo do tejuco, existem dezenas de registros de pagamentos feitos por Chica para viabilizar casamentos, batismos e enterros de seus escravos. João Fernandes faleceu em Lisboa, em 1779.
Chica da Silva se utilizou dos meios disponíveis às mulheres escravas, que eram a maioria alforriada. De acordo com o censo 1738 elas constituíam 65% do total de 387 forros, contra 37% dos homens. Ao longo de sua trajetória, ela agiu de forma a diminuir o preconceito que a cor e a escravidão lhe conferiam, para isso promoveu a ascensão social de seus filhos. Seu filho João Fernandes tornou-se o principal herdeiro do pai tendo recebido dois terços de seus bens. José Agostinho tornou-se padre, e o pai deixou-lhe uma renda para que constituísse uma capela. Simão Pires sardinha estudou em Roma, comprou um título de nobreza e uma patente de tenente-coronel da cavalaria de Minas Gerais.
Chica da Silva morreu no dia 15 de fevereiro de 1796, no Tejuco. Foi enterrada na Igreja de São Francisco de Assis, cuja irmandade era reservada a elite branca do arraial, o que demostra sua importância e prestígio.
Fonte:Dicionário Mulheres do Brasil - de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil. Jorge Zahar Editor, RJ, 2000.
Para Ver:
Xica da Silva - filme dirigido por Cacá Diegues de 1976.
Xica da Silva - filme dirigido por Cacá Diegues de 1976.
Auta de Souza
Filha de uma próspera família, Auta de Souza (1876-1901) nasceu em Macaíba, Rio Grande do Norte. Seu pai era proprietário da firma Paula, Eloy & Cia. e dirigente local do Partido Liberal. Órfã de mãe aos 2 anos de idade e de pai aos 4 anos, foi criada pela avó.
Seu primeiro público, ainda menina, compunha-se de mulheres do povo e velhos escravos, para quem lia, entre outras coisas, as façanhas de Carlos Magno. Em 1887, foi estudar no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por religiosas francesas. Ai aprendeu francês, leu os clássicos e os místicos. Devido à saúde frágil - já estava com tuberculose -, retornou à casa da avó, onde completou sua formação na biblioteca do irmão, Henrique Castriciano, poeta, jornalista e deputado federal pelo Rio Grande do Norte na República Velha.
Em 1894, fundou o clube do biscoito, que promovia reuniões de declamação, jogos e danças na casa de seus associados. Versejando em português e francês, Auta passou a colaborar na melhor imprensa do seu Estado, antes de completar 20 anos. Seu livro O Horto, publicado em 1901, prefaciado por Olavo Bilac, foi elogiado pela crítica e lido com avidez tanto por intelectuais como pelo povo, que passou a repetir muitos de seus versos sob a forma de cantigas.
Considerada por Otto Maria Carpeaux como a mais alta expressão do nosso misticismo, alguns versos da poetisa que morreu aos 25 anos de idade: "Estrela fulgem da noite em meio Lembrando Lírios loiros a arder... E eu tenho a treva dentro do seio...Astro! velai-vos, que eu vou morrer!".