segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PSB e FJM promovem seminário no Rio de Janeiro



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PSB e FJM promovem seminário no Rio de Janeiro
Partido Socialista Brasileiro - PSB
Congressos e seminários - 31/08/2011
A Crise Econômica Internacional e a Economia do Brasil. Esse é o tema do seminário que será realizado, na próxima segunda-feira (5), no Rio de Janeiro. O evento é promovido pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e a Fundação João Mangabeira (FJM). O objetivo do encontro é debater sobre os horizontes da sociedade contemporânea – especialmente, a brasileira - frente aos desafios lançados por estruturas, internacionais e nacionais, injustas e desiguais.

A análise e os debates deverão ter como eixo o sistema capitalista - uma dimensão econômica, estruturalmente crítica e que ciclicamente tem demonstrado sua gênese distorcida ao que seria um desenvolvimento equilibrado, só possível na plenitude das forças produtivas.

No seminário serão discutidos, ainda, estratégias, planejamento e o aprofundamento das políticas públicas e das medidas sócio-econômicas para que o Brasil não seja atingido pela crise central do capitalismo e possa superar suas iniqüidades sociais e os desequilíbrios regionais e nacionais.
Filiações

Na abertura do seminário, o Governador de Pernambuco e Presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos, receberá a filiação do pianista Arthur Moreira Lima  e do ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Serviço

Data: 05/09/2011
Local: Rio Othon Palace - Avenida Atlântica, 3264, RJ
Horário: 9h às 18h

PROGRAMAÇÃO

9h – Abertura

. Eduardo Campos - Governador de Pernambuco e Presidente Nacional do PSB

. Carlos Siqueira - Presidente da Fundação João Mangabeira e 1º secretário Nacional do PSB

9h30 / 11h30 - Mesa Redonda

Debatedores:


. Carlos Lessa - Professor Emérito da UFRJ, Ex-Presidente do BNDES

. Wilson Cano - Professor Titular do Instituto de Economia da UNICAMP

Moderador:

. Roberto Amaral - Primeiro Vice-Presidente Nacional do PSB

11h30 – Debates

12h30 – Almoço

14h /16h – Mesa Redonda

Debatedores:

. Márcio Porchman - Presidente do IPEA

. Theotonio dos Santos - Professor Emérito da UFF, Economista, Cientista Político, Coordenador da Cátedra e Rede ONU – UNESCO de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável.

Moderador:

. Carlos Siqueira - Presidente da Fundação João Mangabeira e 1º secretário Nacional do PSB

16h – Debates

17h30 – Encerramento


. Eduardo Campos - Governador de Pernambuco e Presidente Nacional do PSB
 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A NEGRITUDE SOCIALISTA PARTICIPOU DO SEMINARIO CULTURA PARA ERRADICAÇÃO DA MISÉRIA

A apresentação de ideias e propostas para a erradicação da extrema pobreza no Brasil marcou o último dia do Seminário Nacional – A cultura como veículo de erradicação da miséria. A criação da Feira Nacional de Cultura Afro-brasileira, de um setor ou órgão de referência nacional específico ao tratamento da Lei n° 10.639, o mapeamento de quilombos e terreiros, a criação de bibliotecas temáticas, capacitação para a auto-sustentabilidade e oficinas culturais foram algumas das demandas apresentadas pelos grupos de trabalho. O próximo passo será a avaliação das propostas para encaminhamento por parte da Fundação Cultural Palmares a outros órgãos do governo federal. 
Na plenária final do seminário, a deputada federal Benedita da Silva (PT/RJ) parabenizou a FCP pelos anos de assistência ao movimento negro e por promover o debate sobre a questão racial no país. “Em 23 anos a Fundação Cultural Palmares fez grandes conquistas em nome da população negra”, afirmou. 
Durante a exposição dos grupos de trabalho, formados por participantes de aproximadamente oito estados, Patrícia de Oxum ressaltou que os lugares mudam, mas os problemas são os mesmos. Um exemplo é o genocídio a jovens negros que, de acordo com o Mapa da Violência de 2011, é mais que o dobro das mortes violentas de jovens brancos. 
O mesmo estudo mostra que as taxas mais altas de homicídio foram registradas nos estados de Alagoas e da Paraíba. Em Alagoas, a cada jovem branco assassinado morrem proporcionalmente mais de 13 negros. Na Paraíba, a cada jovem branco assassinado, 20 negros são vítimas de homicídio. Para mudar este cenário de extermínio, os grupos colocaram entre as propostas a Fundação Palmares como mediadora do combate à violência contra pretos e pardos. 
Cultura pela causa negra _ Segundo Martvs das Chagas, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira da FCP, o seminário cumpriu seu papel de colocar a cultura da população negra na pauta do governo para os programas e políticas de erradicação da miséria. Segundo ele, as propostas serão implementadas de acordo com as possibilidades da instituição. 
Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Palmares, encerrou o evento garantindo que a pauta resultante será encaminhada e discutida com os demais órgãos do governo. Para ele, o Seminário Nacional – A cultura como veículo de erradicação da miséria foi apenas o primeiro dos muitos debates que serão realizados na busca de soluções para a eliminação da pobreza. “Incluímos a cultura na luta por uma causa. A responsabilidade que nos trouxe até aqui nos obriga a pensar outras ações dessa natureza para que tenhamos resultados mais concretos e positivos”, concluiu.

 



 A NEGRITUDE SOCIALISTA PARTICIPOU DO SEMINARIO CULTURA PARA ERRADICAÇÃO DA MISÉRIA.




















SEMINARIO DA PASTORAL AFRO BRASILEIRA



domingo, 14 de agosto de 2011

Negritude Socialista Brasileira, comunica o falecimento de Domingas Nascimento dos Santos ocorrido hoje dia dos Pais, as 08:00hs,

E compesar que a NSB - Negritude Socialista Brasileira, comunica o falecimento de Domingas Nascimento dos Santos ocorrido hoje dia dos Pais, as 08:00hs, o corpo esta sendo velado em Conceição da Barra- ÉS, gemidos da Secretaria Geral da NSB (Valneide Santos).
A NSb! Netste momento de dor e tristeza, roga ao ser supremo atido e a todos, Deus, que de a você e sua família, o conforto pela perda irreparável de sua distinta mãe.

Deputada Estadual Cristina Almeida
Secretaria Nacional da NSB

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Defensoria Pública da União adere à campanha Igualdade Racial é pra Valer



Defensoria Pública da União adere à campanha Igualdade Racial é pra Valer
Data: 04/08/2011
A proposta faz parte de uma série de iniciativas de um acordo de cooperação que ampliará a parceria já existente entre os dois órgãos federais.

Intensificar a assistência integral e gratuita da Defensoria Pública da União (DPU) às comunidades tradicionais. Os procedimentos a serem adotados para o alcance dessa meta foram abordados em reunião entre representantes da DPU e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) em reunião no dia 01 desse mês. A proposta faz parte de uma série de iniciativas de um acordo de cooperação que ampliará a parceria já existente entre os dois órgãos federais.
“Estamos discutindo uma cooperação que incorpora outras linhas de ação pela promoção da igualdade racial, no âmbito do Ano Internacional dos Afrodescendentes e da campanha Igualdade Racial é pra Valer”, destacou a titular da Secretaria de Comunidades Tradicionais da Seppir, Ivonete Carvalho. Ela lembrou que a articulação que já vigora desde 2009, entre a Seppir e a Escola Superior da Defensoria Pública da União (ESDPU), voltada para a capacitação dos profissionais da DPU.
A reunião possibilitou também a criação de um Grupo de Trabalho, formado por técnicos indicados pela Seppir e pela DPU, visando à elaboração de material impresso para orientação das políticas e ações ligadas ao Programa Brasil Quilombola (PBQ). As publicações terão como público alvo gestores estaduais e municipais, defensores públicos federais e estaduais, e as comunidades tradicionais.
“A proposta é elaborar cartilhas que, passo a passo, esclareçam as condições para os quilombolas acessarem os serviços judicializados da Defensoria Pública da União e dos Estados”, explicou a assessora técnica da DPU, Alda Carvalho. A gestora disse ainda que uma outra cartilha, dirigida aos defensores da União e dos Estados, também ajudará no atendimento às comunidades tradicionais.
Além da assistência jurídica gratuita, os gestores discutiram a realização da 4ª Capacitação dos Defensores Públicos Federais e Estaduais e o intercâmbio de informações entre a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial e a congênere da DPU. De acordo com o ouvidor da Seppir, Carlos Alberto Junior, a parceria facilitará a atuação dos dois órgãos em casos de discriminação racial, a partir da definição de um padrão de atuação e de encaminhamento de denúncias.
Também participaram da reunião a gerente do PBQ, Leonor Franco de Araújo, o diretor Geral da Escola da Defensoria Pública da União, Holden Macedo da Silva, e o coordenador Geral da ESDPU, Osman Álvares dos Prazeres.
FONTE: Coordenação de Comunicação SEPPIR

PLANO ESTADUAL DE AÇÕES AFIRMATIVAS EM PREVENÇÃO AS DST/AIDS PARA POPULAÇÃO NEGRA DO AMAPÁ

16 e 17 de Agosto de 2011
Primeiro dia

17hs - Credenciamento
18hs - Cerimônia de Abertura – Hino Nacional e Canção do Amapá

Composição da mesa de Abertura

· Governador do Estado do Amapá – Camilo Capiberibe

· Vice Governadora do Amapá – Doralice Nascimento;

· Deputada Estadual Cristina Almeida;

· Ministério da Saúde – Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites;

· Secretaria Extraordinária de Políticas para os Afrodescendentes – SEAFRO;

· Secretario de Estado da Saúde – SESA;

· Coordenadoria de Vigilância e Saúde – CVS;

· Departamento Estadual de DST/AIDS e Hepatites;

· Conselho Estadual de Saúde – CES;

· Coordenadoria Municipal de Igualdade Racial – COMIR;

19:15 – Lançamento do Projeto: AFROAIDS – Banco de Preservativo da População Negra e Quilombola do Amapá

19:40 - Conferencia: Harmonização de Conceitos de Ações Afirmativas de Prevenção em DST/AIDS para a População Negra e a interface com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
Simone Cruz – Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais – CAMS do Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites – Ministério da Saúde.

- Por que Politicas Publicas de Ações Afirmativas em saúde para população Negra?

Anhamona Silva Brito - Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR.



21:00 - Momento Cultural de encerramento


Segundo Dia

08hs – Saudações aos participantes – SEAFRO

08:15hs - o Papel do Controle Social na implementação das Políticas de prevenção a AIDS na População Negra – Conselho Nacional de Saúde – a confirmar

09:15hs : Painel 1 – AIDS tem cor e raça?

- Estratégias de combate Vulnerabilidades da População Negra em DST/AIDS – CAMS - Departamento Nacional

- Dados e Estatísticas em DST/AIDS e população negra no Amapá – Coordenação Estadual de DST/AIDS e Hepatites

- Direitos e Ações Afirmativas para População Negra do Amapá – Cristina Almeida.

- Impacto do Plano Estadual de Ações Afirmativas em AIDS para População Negra – SEAFRO

- Experiências positivas em Prevenção na População Negra – IMENA;

Moderadora: Secretaria Extraordinária de Política para os Afrodescendentes - Marilda Leite –

09:30 - Debate

11:00 – Formação dos Grupos de trabalho e inicio dos trabalhos dos grupos

Almoço

14hs: Debate em grupo

15hs : Conclusão das Atividades de Grupo

16hs: Apresentação das Propostas para o Plano

17:30hs: criação do GT de acompanhamento e monitoramento das ações do Plano Estadual de Ações Afirmativas em DST/AIDS para População Negra.

18hs: Encerramento.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O PSB E SEUS MILITANTES COMEMORAM E HOMENAGEAM OS 93 ANOS DE NELSON MANDELA NO XII CONGRESSO NACIONAL








Nós socialistas brasileiros, também, comemoramos dia 18 de Julho os 93 anos sul Africano Nelson Mandela - 67 dos quais dedicados à luta pela igualdade racial em seu país.

Mandela ficou preso durante 27 anos por causa de sua luta contra o apartheid.

Foi candidato pelo partido do Congresso Nacional Africano e, venceu as eleições de 1994. Foi a primeira vez que a maioria negra teve direito ao voto na África do Sul.

Mandela cumpriu seu mandato como presidente e deixou o cargo em 1999.

Mandela é, reconhecidamente, símbolo de resistência, coragem e de determinação para os que acreditam e lutam por um mundo livre de preconceitos e justo.

O ano de 2011 é o Ano Internacional dos Afros Descentes e a Negritude Socialista Brasileira confirma que essa é uma oportunidade única para redobrar nossos esforços na luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e outras formas de intolerância que afetam as pessoas de ascendência africana no mundo.

Será também o ano do XII Congresso Nacional do PSB e, nesse evento partidário, iremos homenagear Nelson Mandela ícone internacional na defesa das causas humanitárias.

Para nós fica o exemplo de Ser Humano descrito pela jornalista Ruth de Aquino, na ocasião da saída de Mandela da prisão: “havia ódio entre brancos e negros – e entre negros e negros. Mandela só pensava em seu país, não em vingança. Queria recuperar a confiança da comunidade internacional, acabar com a segregação racial, evitar uma guerra civil. Acolhia seus ex-algozes com boas palavras e cumprimentos calorosos, sem ingenuidade. Transpirava uma confiança inabalável na humanidade.”

Valneide Nascimento dos Santos

Secretária Geral da NSB

sábado, 16 de julho de 2011

Um ano dedicado aos afrodescendentes


“Este Ano Internacional oferece uma oportunidade única para redobrar nossos esforços na luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e outras formas de intolerância que afetam as pessoas de ascendência africana em toda parte.”

(Navi Pillay, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos)

Estima-se que 150 milhões de pessoas que se identificam como sendo de ascendência africana vivem na América Latina e no Caribe. Muitos outros milhões vivem em outras partes do mundo, fora do continente africano. Ao proclamar o Ano Internacional, a comunidade internacional está reconhecendo que as pessoas de ascendência africana representam um setor específico da sociedade, cujos direitos humanos devem ser promovidos e protegidos.

As pessoas de ascendência africana são reconhecidas na Declaração e no Programa de Ação de Durban1 como um grupo de vítimas específicas que continuam sofrendo discriminação, como legado histórico do comércio transatlântico de escravos. Mesmo afrodescendentes que não são descendentes diretos dos escravos enfrentam o racismo e a discriminação que ainda hoje persistem, gerações depois do comércio de escravos.

Para corrigir os erros do passado

“Este é o ano para reconhecer o papel das pessoas de ascendência africana no desenvolvimento global e para discutir a justiça para atos discriminatórios correntes e passados que levaram à situação de hoje”

(Mirjana Najcevska, Presidente do Grupo de Trabalho das Nações Unidas de Peritos sobre Pessoas de Ascendência Africana)

O racismo obsceno que foi a base do comércio de escravos e da colonização ainda ressoa hoje. Ele se manifesta de diversas maneiras, às vezes sutilmente, às vezes inconscientemente, como preconceito contra as pessoas com pele mais escura.

Para encontrar formas de combater o racismo, a ex-Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos criou o Grupo de Trabalho de Peritos sobre Pessoas de Ascendência Africana, encarregado de recomendar medidas para promover a igualdade de direitos e oportunidades. Foi criado em 2001 para analisar a situação e as condições de africanos e pessoas de ascendência africana, a fim de enfrentar a discriminação que elas sofrem.

O Grupo de Trabalho concluiu que alguns dos mais importantes desafios que enfrentam as pessoas de ascendência africana dizem respeito à administração da justiça e seu acesso à educação, emprego, saúde e habitação.

Em alguns países, embora possam ser uma minoria, as pessoas de ascendência africana constituem uma parte da população carcerária desproporcionalmente alta percentagem e recebem sentenças mais duras do que os da etnia predominante. O enquadramento racial2 – que resulta na sistemática segmentação de pessoas de ascendência africana por policiais – criou e perpetuou grave estigmatização e estereótipos dos afrodescendentes como dotados de uma propensão à criminalidade.

Em muitos países com grande população de afrodescendentes, este setor da sociedade tem menos acesso e níveis mais baixos de educação. As evidências mostram que, quando as pessoas de ascendência africana têm maior acesso à educação, participam de forma mais igualitária em todos os aspectos políticos, econômicos e culturais da sociedade, bem como no avanço e no desenvolvimento econômico de seus países. Da mesma forma, elas encontram-se em melhores condições para defender seus próprios interesses.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Negritude Socialista PSB Nacional

Negritude Socialista PSB Nacional

No dia de hoje 21 de junho na Sede do PSB a Direção Executiva

No dia de hoje 21 de junho na Sede do PSB a Direção Executiva
Municipal do Partido Socialista Brasileiro,  Informa o acolhimento e a
filiação de seu mais novo integrante o companheiro IVAN BRAZ.
  E aguarda para os próximos dias o ingresso de outras lideranças
vinda de seu grupo antes ligada ao PT.Esta sem duvida é uma grande
conquista para 0 PSB que busca  o fortalecimento  e apresenta uma
alternativa de projeto para Cidade.
  Ocompanheiro Ivan Braz e demais filiados serão apresentado ao
conjunto de integrantes
  do Partido em evento a ser realizado no próximo dia 31 de julho 2011.
  Estamos acertando agenda de lideranças Estaduais do partido para
posterior divulgação.

Direção Executiva Municipal.
  Edson J. Vaz
  Presidente




--

Procedimentos a serem adotados em Crimes de Discriminação Racial


Uso da legislação de combate ao racismo no Brasil
A prática tem demonstrado que às vítimas de discriminação racial se deparam com muitas dificuldades para levar adiante casos de racismo ou mesmo de injuria qualificada por conotação racial. As vitimas de racismo e injuria qualificada via de regra sofrem uma dupla discriminação, a primeira o fato em si perpetrado pelo ofensor que pode ser inclusive um representante do Estado ou ainda em casos mais comuns perpetrado por um particular.

É fato que ao buscarem a tutela jurisdicional do Estado muitas vítimas sentem-se humilhadas e menosprezadas com o atendimento que lhes é dispensado nos distritos policiais, posteriormente pelo Ministério Publico e mais tarde pelo próprio judiciário, eis que infelizmente não se da a importância necessária aos crimes de racismo, acreditamos que por esta razão o governo do Estado de São Paulo tenha recriado a Delegacia Especializada em crimes raciais DECRADI.

Muito embora o racismo seja considerado crime inafiançável e imprescritível pela constituição Federal de 1988 na pratica são delitos considerados de menor potencial ofensivo.

Tanto a lei 7716/89 quanto o artigo 140 paragrafo 3˚ do Código Penal, trazem penas de reclusão de 1 a 3 anos. Os artigos definem que atos como impedir ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões ou clubes sociais (art. 9°); em salões de cabeleireiros, bares, termas ou casas de massagem (art. 10); ou impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores (art. 11), bem como a transportes públicos como aviões, navios, barcos, ônibus, trens e metrô (art. 12) constituem obstáculos que impedem o tratamento igualitário, e causam constrangimento as vitimas. Além disso, a Lei prevê que os estabelecimentos comerciais nos quais forem praticados quaisquer atos discriminatórios poderão ter suas atividades suspensas por até três meses.

A Lei deixa evidente que recusar ou impedir acesso de alguém a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador (art. 5º) devido à sua cor, etnia, religião, raça ou procedência nacional é crime de discriminação racial. Ainda, se alguém, por motivos discriminatórios, impedir o acesso ou recusar hospedagem de pessoa em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar (art. 7º), ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público (art. 8º) estará praticando crime de discriminação.

A igualdade no acesso ao serviço militar também é destacada, sendo proibido impedir ou dificultar por motivos preconceituosos o acesso de pessoa a qualquer ramo das Forças Armadas (art. 13).

Ainda, para proteger o convívio familiar e social dos cidadãos, garantindo a liberdade de relacionamento amoroso entre os indivíduos, a lei dispõe que impedir ou dificultar o casamento ou convivência familiar e social, devido ao preconceito, é crime de discriminação (art. 14).

Por fim, a lei criminaliza a prática a incitação e a persuasão de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, inclusive quando feito nos meios de comunicação, como por exemplo, televisão, rádios ou jornais (art. 20).

O Estado brasileiro entende que a repreensão aos crimes previstos na Lei 7716/89 interessa não só à vítima, mas a toda a sociedade. Nesse sentido a ação penal que visa à punição daquele que cometeu um ato discriminatório é pública, ou seja, cabe ao Ministério Público oferecer a denúncia ao Poder Judiciário, mas nada impede que a vítima uma vez representada por advogado/a, atue como assistente de acusação, iniciando assim a ação penal publica subsidiaria.

E certo que a vitima pode simultaneamente ajuizar ação civil buscando a reparação moral e material, atribuindo a responsabilidade civil a quem deu ensejo ao fato. Ressaltamos que esta não e pratica do SOS Racismo que em regra aguarda o inicio da instrução processual penal e após analise do conjunto probatório colhido, define-se se e cabível ou não o pedido de dano moral e material.

Rodnei Jericó - Coordenador da Acessoria Jurídica para vítimas de discriminação racial do Geledés.
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Ditado sul africano da tribo Ubuntu

"Uma pessoa é uma pessoa por causa das outras pessoas".
Ditado sul africano da tribo Ubuntu
A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz em Floripa, nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu. Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Como tinha muito tempo ainda até o embarque, ele então, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva.
Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí, ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.
As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam:
"Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
Ele ficou pasmo. Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo... Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
Muitas vezes trabalhamos em cima de uma idéia ou de uma convicção tão obsessivamente, para "ajudar" aqueles que consideramos "carentes" ou para mudar os "inferiores"e não percebemos que eles têm o mesmo valor que nós. E até nos surpreendem, muitas vezes, com seu sentido ético e sua maneira de se relacionarem.
Falta ainda um pouco mais de tempo para compreendermos que não existe tal coisa como uma hierarquia cultural, ou seja, expressões culturais boas e más, certas ou erradas.
Na ação de cada gesto ou na consideração que fazemos do "outro", só conseguimos olhar para o próprio umbigo e frequentemente nos vermos como modelo e referencial. Olhamos as outras manifestações culturais, outros valores, outras práticas sociais pelo nosso prisma, com os valores da nossa cultura.


A isso a Sociologia e a Psicologia chamam de "etnocentrismo".
Ubuntu significa: Sou quem sou, por quem somos todos nós.( ditado africano )
fonte - lista racial

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Por que somos negros?

Conto enviado pelo Professor Henrique Cunha Junior da UFC sobre Democracia Racial.

HISTÓRIAS INTRODUTÓRIAS PARA CRIANÇAS


Conversávamos à porta da sala de aula, a professora Sônia e eu. Em meio ao falatório e início de algazarra que se formara, havia uma aluna que chorava.
- Me dê licença um pouco – diz a professora.
- Por que você está chorando?
Benedita, esfregando os olhos hesita um pouco e diz:
- Eles estão me chamando de carvão e Bombril.
- Não liga não. Vá brincar.
Constrangida e com ar de quem procura justificar a democracia racial, a professora com a voz meio tom, meio acanhada, procurando palavras vai se virando para mim e diz:
- É sempre assim! Fico zangada com as crianças e triste comigo. Mas, isso não muda nada. É um problema que não tem solução, não é?
Imediatamente me veio a idéia de criar algumas histórias que de alguma maneira, fosse para as crianças uma fonte de soluções das dificuldades e as preparasse para refletir sobre os conceitos da sociedade. Histórias que abririam caminho para um inconsciente coletivo democrático.

CONVERSANDO COM A AVÓ DE MEIRE

- Bombril, Bombril!
Esta era a tristeza de Janete, uma pequena e linda garotinha que tinha, todos os dias, de enfrentar os seus coleguinhas de classe com as suas gracinhas racistas e ficava muito magoada com isto.
Janete sentava ao lado de Meire, na segunda fileira da sala. Meire vivia também a importunar Janete. Ríspida, severa, de olhar forte, Meire dizia entre os dentes:
- Não chore, não chore. Você não tem porque chorar e sim porque se orgulhar.
Meire tinha sido responsável por Janete ter saído do fundo da classe para frente. Embora Janete preferisse o anonimato do fundo da sala, ao lado de Meire, ela deixou de ser a pancadinha da sala. Foi assim: um dia, quando Janete chorava, Meire disse bem alto para que a classe toda ouvisse:
- Minha avó sempre diz que negro para ser feliz tem que sentar na frente da sala para ser visto e admirado por todos.
A professora, surpresa, sem saber o que fazer, sem encontrar nenhuma razão, diz:
- Está bom assim. Ela senta ao seu lado. Desta forma, você poderá ajudá-la a não brigar tanto.
A Janete não gostou muito da mudança, mas como no pátio todas as crianças respeitavam a Meire, não mexiam com ela e ela junto com a Meire, parecia mais protegida. Pelo menos, deixava de ser o saco de pancada da classe.
As outras crianças aos cochichos diziam:
- Não briga com a Meire, a avó dela é macumbeira e pode fazer mal para você.
Meire era uma menina muito feliz, alegre e solta. Tinha como detalhes marcantes um sorriso enorme contagiante e um festival de arranjos na cabeça. Todos os dias, ela ia à escola com um penteado diferente. Às vezes eram trancinhas, outras argolinhas e bolinhas coloridas e outras vezes um afro alto e bem batido. Se algum dos colegas mexia com ela, tinha uma resposta na ponta da língua par a situação. Não adiantava. Nada das coisas faladas pareciam atingi-la.
Um dia, a Janete perguntou a Meire porque ela era tão alegre, por que estava sempre de bem com a vida, apesar dos colegas viverem a debochar da cor da pele e dos cabelos enroladinhos, do nariz e da boca de negro.
- Porque eles não sabem o que dizem.
- Não sabem o que dizem? Sabe, eu não gosto disso. Eu não gosto de ser preta.
- Não diga isto. A sua avó não te contou por que as coisas são assim? Ela nunca te levou para passear no mundo dos ancestrais?
- Ancestrais? O que é isto?
- Ancestrais. Na sua casa não tem o quarto dos ancestrais?
- Não. Não tem. O que é isto?
- Ancestrais. Bem, a sua avó não te contou?
- Não contou. A minha avó foi embora para Minas há muito tempo. Meu pai a mandou embora porque ele não gostava dela. Ela foi para a casa da minha tia.
Fez-se um ar de preocupação nos olhos de Meire. Depois, a cara mudou ficando entre o espanto e a dúvida. O que fazer? Em seguida ao breve silêncio de dúvida, a solução:
- Já sei! Depois da aula, vamos à casa da minha avó e lá você vai ficar sabendo por que somos como somos e por que gostamos de ser assim. Lá você ficará sabendo o que são ancestrais.
- Eu não gosto. Eu queria ser loira, de olhos verdes e rica.
O silêncio e o olhar de reprovação dispensaram qualquer outra atitude de Meire.
o sinal do fim do recreio chamou para a fila e esta os conduziu à sala de aula.
- Meire, Meire, nós vamos mesmo à casa da sua avó?
- Vamos.
- Não tem perigo?
- Não. Não tem. Por que haveria de ter?
- Você tem certeza de que ela sabe por que nós somos assim?
- Sabe. E se ela não souber, nós perguntamos para os ancestrais.
Foi uma tarde longa para Janete. De tempos em tempos, ela queria saber as horas, se iriam ou não ver a avó, se ela sabia... Tinha um misto de ansiedade e receio, de curiosidade e de medo.
Finda as aulas, as duas foram pela rua brincando. Atravessaram o campinho e por fim chegaram à casa da avó.
Era uma casa esquisita, toda cercada de madeira, cheia de árvores no quintal e não muito conservada. Uma casa extremamente varrida com o chão da sala bastante encerado.
Meire entrou na frente chamando pela avó e conduzindo a amiga que estava com os olhos arregalados, meio receosa e com medo. Janete morava nos prédios de um conjunto residencial cheio de apartamentos. Antes, já tinha estado em outros bairros na vila, mas não se lembrava da casa da avó de Meire. Tudo ali lhe parecia muito estranho, até um pouco intrigante.
A avó Josefina era uma senhora muito preta e gorda. Sentada na ponta da poltrona, abraçou longamente a neta assistida, à distância, pela companheira. A suavidade da voz da avó preenchia o ambiente e de pronto cativou Janete.
A Meire disse quase aos suspiros no ouvido da avó:
- Esta é a Janete. Sabe, ela não tem avó. Lá na casa dela, não tem quarto dos ancestrais.
E mais baixo ainda:
- Ela não gosta de ser negra.
A avó puxa um enorme suspiro, aumenta o tamanho dos olhos, como grau de gravidade da situação e torna lentamente a cabeça para a direção da menina.
- Ah! Você então é a Janete? Venha aqui - sacudindo as mãos, fazia sinal para a menina se aproximar.
- O que você quer saber?
- Por que as crianças na escola me chamam de Bombril? Eu detesto isto.
- Hum... – resmungou com profundidade a avó.
- Vocês querem limonada? – perguntou a avó, já se movimentando para ir buscar. Demorou um pouco e trouxe dois enormes copos com fresca limonada, na qual as crianças afogam a sede.
- Bebam devagar, devagar, como gente educada.
A senhora deu meia volta pela sala como quem procurasse alguma coisa e encontrou. Era um pedacinho de madeira preta. Sentou-se novamente e trouxe Janete para junto de si acomodando a menina no colo.
Para Janete aquilo começava a ficar a ficar muito bom. Havia muito tempo que não sentia um agrado, nem mesmo um colo amigo. Aproveitou então, para se acomodar melhor e olhou melhor para aquela senhora.
- A senhora vai me dizer por que somos pretos assim?
- Vou. Vou, mas antes, para saber estas coisas teremos que viajar para muito, muito longe. Para bem distante daqui.
- Oba! Vamos para a terra dos ancestrais. Eu adoro isto! – gritou Meire.
- Mas eu não pedi para minha mãe. Ela não vai deixar. Ela nunca deixa eu ir a lugar algum - replicou preocupada, Janete.
- Eu me chamo Josefina. A viagem para a terra dos ancestrais é feita aqui mesmo. É só deixar a imaginação ir distante, muito distante. Tão distante quanto a imaginação possa ir e dizer as palavras em Iorubá de viagem à terra da felicidade.
- Repitam comigo:
  • Awa lo si ile ayo
  • Ile awlon to bi awa
  • Ile ayo
- Vamos viajar, vamos para a terra da felicidade. Vamos para a terra dos ancestrais.
  • Awa lo si ile ayo
  • Ile awlon to bi awa
  • Ile ayo
E as meninas repetiram.
- O que quer dizer isto? – indagou Janete.
- Bem, isto é segredo nosso. Estas palavras querem dizer terra da felicidade, onde moram todos os nossos antepassados. Aqueles que nós chamamos de ancestrais.
- É a terra dos mortos? - perguntou espantada a menina.
- Não. É apenas a terra dos ancestrais. Ninguém morre, apenas vai para lá para descansar e zelar por nós – foi dizendo a Meire.
- Agora vamos imaginar as coisas. Meninas fechem os olhos e tentem imaginar as coisas gostosas da vida.
- O que você está imaginando, Meire?
- Sorvete de chocolate e passeio no parque.
- E você, Janete?
- Eu? Em pudim de coco e banho de piscina.
- Hum... Pudim de coco! Então, vamos comer e apreciar o pudim de coco. Respirem fundo, fundo, fundo para dar uma mordida no pudim. Hum... Este pudim está uma maravilha!
Foi fluindo uma imaginação, atravessando cada elemento da natureza e aprofundando num diálogo imaginário entre a avó e as crianças. A descoberta de um mundo maravilhoso e riquíssimo. De lado, queimavam alguns dos segredos da casa que dava um profundo e delicioso aroma no ambiente.
Rapidamente, a imaginação passeava distante, distante, muito distante, o quanto distante a imaginação podia imaginar, por algum lugar onde havia quase somente pessoas como nós e poucos brancos. Pessoas bem felizes porque havia um forte respeito mútuo, um lugar onde não faltava nada porque as pessoas colaboravam umas com as outras e repartiam tudo que cada um necessitava.
Era um lugar onde as mulheres recebiam um grande respeito, pois são elas as mães de todos. Um lugar cheio de mercados coloridos, de roupas multicoloridas e de muita fartura. Um lugar sem armas e sem donos de tudo, onde cada um era dono do pedaço sem roubar nada, sem invadir um o pedaço do outro. Um lugar perdido na imaginação, existente há muito e muito tempo atrás, no meio da África. Um lugar perto do coração de cada um de nós, onde podemos respirar a paz e a liberdade. Um lugar de onde muito de nossos avôs e avós vieram tomados da terra dos Iorubás.
A terra do Iorubás é uma terra de sabedoria, magia e equilíbrio. Sabedoria para com a vida, com as coisas da natureza, magia com as vantagens que completam a vida humana em equilíbrio com tudo. Na sua medida e lugar, nem para mais, nem para menos. Na medida exata de ser e poder ser feliz.
De um ponto de luz muito negro e muito luminoso cresceu uma esplendorosa imagem, que se transformou, que foi e voltou como que procurando percorrer todos os espaços sem sair do lugar. Eram riscos de festas, ruído de povo, estalos de vozes e enfim, uma enorme praça de um mercado.
Lá, bem no meio, estava a avó Josefina, as duas crianças e mais uma centena de ilustres e bem vestidas pessoas que se diziam ancestrais delas duas. Era uma imensa família que marca um encontro indefinido e ninguém falta pois a energia dos pensamentos pode chamá-las.
E eles se puseram a falar como que adivinhando os pensamentos. Até que uma das mulheres começou a contar uma longa e nova história.
- Você sabe, Rose Meire ... é assim o seu nome, creio.
A garota balançou a cabeça em sentido afirmativo e depois disse:
- É. Todos dizem, sim senhora.
E todos repetiram:
- O seu nome é Rose Meire.
Antes que ela entendesse e respondesse, continuaram:
- É. Sim senhora.
- A educação e distinção são fatos importantes entre nós. Só assim a terra dos ancestrais não se desfez. É só assim: pela educação e cordialidade é que se pode aqui estar.
- Bem Janete - retoma a senhora em torno da qual as pessoas passam a se reunir para ouvir – os cabelos enroladinhos e a pele negra como ébano, são duas histórias do tempo em que os seres, deusas e deuses caminhavam pelo mundo trocando histórias e conversas com as pessoas. Longas histórias, cheias de ensinamento e sabedoria. Histórias contadas ao pé de uma grande árvore de ébano.
Janete puxou a avó Josefina e pergunta:
- O que é ébano?
- Ébano - continuou a senhora que falava – é uma grande árvore de tronco duro, forte e infinitamente negro. A árvore cuja sombra sempre abrigou todas as conversas importantes.
- Bom, a história é sobre a cor da nossa pele...
Fazendo uma longa pausa como quem puxa pela memória e procura as palavras que dão curso aos pensamentos, a senhora pára e reflete, parecendo ter mexido e revirado o baú da lembrança, as encontra e diz:
- Pois é... neste tempo, deixe me ver, que os seres humanos não tinham cor. Todo mundo era transparente, cristalinos como vidro e água. Não existiam negros, brancos, amarelos ou vermelhos. Eram todos transparentes.
A senhora retirou um lenço de seda de dentro de um cesto, enxugou a fronte, bebeu um pouco de água e em tom solene, continuou:
- Serem todos transparentes era ruim, pois ninguém podia ficar no sol senão, a pele cozinhava como bolinhos de inhame em óleo quente.
Nesse instante, alguém pôs alguns bolinhos de inhame num grande tacho e ficou fritinho.
- Não era fácil. As pessoas só podiam trabalhar durante a noite e tinham que ficar dentro de casa com portas e janelas fechadas durante o dia se havia muito sol.
A senhora tomou uma fruta, repartiu os gomos e continuou a falar:
- Havia uma pequena aldeia que começou a procurar a solução para o problema de serem transparentes. Foram, um dia, conversar com Olorum, o Deus supremo, para saber se ele, com todo seu poder, poderia dar uma solução. Olorum disse com palavras sábias e comuns: “Usem a inteligência e as forças da natureza que encontrarão a solução.”
A senhora prosseguiu narrando o acontecido:
“E assim, os homens e mulheres daquela aldeia passaram a fazer tentativas, a procurar idéias. A conversa se espalhou de lugar em lugar. Até que todo mundo estava procurando a mesma coisa. Depois de muito tempo e de muita procura, a solução para o problema humano, de falta de cor, vai chegar a um pequeno povoado onde tudo funcionava muito bem porque eles eram regidos por quatro mulheres sábias. As mulheres sábias se alternavam no poder e sempre conservavam os segredos e magias da sabedoria. Sabedoria que tinha como fonte a consulta sobre decisões a todas as cidadãs e todos os cidadãos da aldeia. Na terra das mulheres sábias, se começou a procurar a solução, procurando as idéias que o povo poderia ter sobre o assunto.
Um dia, as mulheres sábias ouviram uma velha senhora, muito, muito velha. Tão velha que tinha vivido mais que o tempo. Parecia que mesmo que o tempo fosse muito velho, não conseguiu ser mais velho do que ela. Esta senhora deu uma magnífica idéia que poderia ser que funcionasse. Disse para cortarem algumas árvores daquelas que são muito fortes e têm um sumo muito negro e gosmento e que uma vez cortada as árvores, deveriam ralar todos os troncos e ferver num grande caldeirão. Ferver por quatro dias e quatro noites e depois todos deveriam mergulhar naquele banho.
Assim se fez direitinho como a explicação e depois as pessoas mergulharam todos num grande tacho e saíram negramente negros, brilhando com uma cor forte de pele tal qual as pessoas negras hoje. Depois, foram ficar ao Sol, a tinta secou e as pessoas ficaram protegidas contra o Sol e lindamente coloridas. Deu certo e a alegria foi tão grande que se seguiu uma semana de festas em comemoração. Os atabaques tocaram dia e noite como nunca se ouviu antes.
Na outra semana, as pessoas da aldeia foram até o mercado, na cidade, para vender seus produtos. Quando lá chegaram foram motivo de sensação e inveja. Todos queriam aquela cor negra que além de dar beleza ao corpo, ainda os protegia do Sol. Todos queriam esta cor e pediam para revelarem o segredo da cor da pele. Só que os habitantes da aldeia não contaram e assim voltaram para a aldeia deixando todo mundo inconformado. Tempos depois, todas as cidades vizinhas estavam procurando descobrir o segredo. Um dia, resolveram ir, em comissão, conversar com as mulheres sábias da aldeia que detinham o segredo da cor. Foram à aldeia dos negros, como ficou conhecido o lugar, para saberem o segredo. Eram milhares e milhares de pessoas transparentes, enroladas em panos e trapos, com medo da luz do Sol, que mesmo estando fraca, era evitada. Chegaram num dia que quase não havia Sol mas, assim mesmo, as pessoas andavam cobertas com panos para evitar a luz.
- Senhora – dizia o representante dos transparentes – não é justo que vocês nos privem desta maravilha que é a cor da pele. Ensine a nós como podemos ficar negros e assim toda a humanidade vos será eternamente grata.
As mulheres sábias da aldeia trocaram olhares entre si como se estivessem resolvendo e decidiram revelar o segredo. Chamaram um porta-voz e pediram para ele que explicasse a toda humanidade, o segredo. Assim, se combinou para o dia seguinte, a grande revelação.
No dia seguinte, a praça estava lotada e quando o porta-voz ia falar, as expectativas eram muitas. Havia uma grande ansiedade no ar. Nisto, quando ia começar a falar, olhou para o lado do grande tacho onde estava a tinta. Rapidamente, as pessoas compreenderam a magia e desesperadas em tornar-se negras, não esperaram o porta-voz explicar como funcionava o processo e foram todos desorganizadamente ao tacho. Mergulharam todas ao mesmo tempo. Bom, o tacho não tinha tinta para todo mundo e assim as pessoas pegaram um pouco de tinta e ficaram apenas com a cor clara, meio pálida, como são os europeus. Desta forma, apareceram os com muita tinta e os com pouca tinta. Os de pouca tinta, apesar de mal aplicado o processo, foi o suficiente para pegarem alguma cor e se protegerem do Sol. Como eles não tinham a proteção completa contra o Sol, se mudaram para as terras de menos sol e assim, nasceram as cores do povo humano.”
- Puxa, foi assim? – perguntou Janete.
- Sim. Foi assim – respondeu a senhora.
E os cabelos, por que são assim?
- Ah! Os cabelos. Esta é uma outra história, mas eu já estou cansada hoje e você volta outro dia. Nós te contaremos esta história.
- Não! Eu quero saber agora! – disse a menina em tom malcriado e ríspido.
A rispidez e a teimosia quebraram o encanto e levaram as pessoas da terra da imaginação e dos ancestrais embora.
- Viu o que você fez? – disse Meire. Não se pode dizer não, antes de refletir e pensar o que significa. Não se pode dizer coisas em tom de malcriação na terra dos ancestrais.
O suspiro fundo da avó Josefina, soou como reprovação paciente pela perda daquele clima de magia e iniciando a despedida das crianças, deixa a continuidade da lição para outra ocasião.
- Até amanhã, suas mães devem estar esperando a volta para suas casas.

O DIA SEGUINTE

No dia seguinte, quando Meire chegou à escola, Janete já estava nas suas disputas diárias com os colegas.
- Nega de piche! – gritava um menino.
- Sou negra de piche, mas sou feliz. Seu limão azedo!
Os meninos não entenderam. Ela não ficou revoltada como sempre, nem muito menos quis agredir ninguém e ainda por cima, não terminou chorando.
A turma voltou a insistir:
- Macaca preta.
- Ela olhou com desprezo:
- Vocês não sabem o que falam. Certamente, vocês não conhecem nada.
Desta vez, Janete irritou os meninos que por certo iriam apelar para violência, mas aí chegou a Meire e todos tinham medo da macumba.
Meire ficou feliz pois Janete reagiu com inteligência. O poder não é a força, mas sim a inteligência, assim dizia o pai de Meire. A força é o poder dos animais, dos ignorantes, dos incultos. Gente inteligente resolve as questões com astúcia, com palavras, com argumentos.
Meire deu uma forte piscada para Janete, pela primeira vez, como íntimas companheiras e fechando a mão, deu um leve soco no ombro e foram para longe dos meninos.
- Eu ainda pego esta neguinha – resmungou um dos meninos.
Recebeu um olhar fulminante, superior, arrasador daqueles que desmonta qualquer um. Recebeu um forte olhar negro de extrema confiança e nenhum medo. Um olhar cuja certeza intimidava qualquer uso da força.
- Meu, a avó dela é macumbeira. O Rafael um dia quis bater nela e ficou estendido no chão. Ela é protegida. É corpo fechado e ainda por cima é capoeira das fortes. Todos os dias depois da aula, ela vai naquele clube de negros para jogar capoeira. Te cuida. Não entra numa de medir força com ela.
As duas meninas continuavam a caminhar quando Janete parou e disse:
- Sabe, eu quero ir à casa da sua avó outra vez.
- Mas você tem que ter respeito. Tem que pensar antes de falar. Sabe, os ancestrais são muito educados e cultos, falam tudo educadamente. Só podemos senti-los se usarmos a sensibilidade e cortesia.
- Como é que se consegue ir outra vez à terra dos ancestrais?
- Ah! Isto é simples, mas é difícil. Como tudo na vida, como diz a minha mãe, tem um preço, tem um trabalho. Ir à terra dos ancestrais é como plantar uma árvore: se põe as sementes, se joga água todos os dias, se cultiva e só depois de muito trabalho é se pode colher os frutos. Se não for assim, não tem frutos bons, às vezes, nenhum fruto e então temos a fome. Para você ir lá outra vez, tem que pensar muito antes. Tem que gostar de você mesma. Tem que gostar de ser negra.
- Não. Eu não gosto, mas ontem foi muito bom. Hoje também, mas mesmo assim as pessoas não deixam a gente em paz. Ninguém gosta de nós, morenas.
- Ninguém gosta de quem não se gosta e você só vai ser feliz no dia em que gostar de você mesma.
- Por que eu não posso ir à casa da sua avó de novo hoje e porque eu tenho que pensar muito?
- Porque você não fez as lições de casa, porque você não presta atenção nas aulas, porque você não é persistente nas lições e porque você perde muito tempo dizendo bobagens.
Os dias se passaram e a Janete sempre querendo voltar à casa da avó de Meire para saber por que o negro tem o cabelo enroladinho, por que os brancos não gostam do negro, por que o negro tinha sido escravo e por que e por que...
Bem, eram perguntas e mais perguntas repetidas demais, porém, uma condição a mãe de Meire havia instruído para impor a Janete. A Meire tinha longas conversas com a mãe e sempre falava dos colegas de sala e a mãe sempre a estimulou a ajudá-los. Dizia ela que na sociedade, todos são responsáveis por todos e que se não for assim, ninguém consegue viver bem, todos vão estar contra todos e todos vão se tornar pessoas tristes com problemas e vida difícil. Sobretudo, a mãe de Meire sempre procurava zelar pela Janete: fosse através da filha ou mesmo dialogando com as professoras, fazendo aquilo que a mãe da Janete não sabia ou não podia fazer.
Os dias foram passando e as conversas entre Meire e Janete iam aumentando. Por vezes, eram elas e outras meninas e meninos da classe que iam se enturmando. Como nem tudo é um mar de rosas, sempre havia aqueles que preferiam destruição das coisas boas em lugar da construção. Meire dizia que estes nunca seriam nada, não conseguiam um sorriso todas as manhãs, pois já estavam revoltados com o dia, mesmo antes de ele começar.
Eis que se passaram quatro dias e no quinto dia, Janete veio à casa de Meire para pedir ajuda para fazer lição de casa. No dia seguinte, Janete tinha um tom altivo. Queria mostrar que já sabia a lição. Não via a hora de a professora chamá-la - coisa que sempre detestava e procurava fugir, pois tinha medo, fraqueza e se julgava incapaz.
A impaciência não deu lugar ao devido momento. Na primeira oportunidade, antes de uma das colegas, ela disse:
- Eu fiz e eu sei.
A professora estranhou, estava surpresa. Alguma coisa tinha mudado. Mais surpresa ficou com o acerto.
Saindo da escola, Meire disse:
- Você fez o que devia. Agora está pronta para voltarmos e tentarmos visitar a terra dos ancestrais.
Chegando à casa da avó, rapidamente Janete foi fechando os olhinhos e começou a repetir as palavras mágicas.
1.    - Vamos fazer uma longa viagem.
- Vamos para a terra da felicidade.
- Vamos para a terra dos ancestrais.
  • Awa lo si ile ayo
  • Ile awlon to bi awa
  • Ile ayo

Henrique Cunha Junior é Professor titular da UFC em 1995, concurso com tese. Membro do Nucleo de Africanidades Cearaese - NACE, mebro doInstituto de Pesquisa da Afrodescendencia - IPAD. Doutor em Engenharia -1983. Titulo de Livre Docente - USP -1994. Estudei engenharia - USP e sociologia na UNESP. Fiz especialização em economia - Nancy - França. Escrevo na coleção de literatura negra - Cadernos Negros.